quarta-feira, 31 de outubro de 2012



Sobe Uruguai, inunda o cais... Ondas que tragam lua e sol... Espelham poentes, restaura a beleza e mistério...
Sobe Uruguai de águas sem fim... Acabrunha olhares, arrasta margens e flores... Segue remanso, sem domínio dos homens, completamente livre...
Sobe impetuoso e desce compasso, inspira milonga, verso e causo...
Sobe Uruguai, afoga a fome de quem pesca e come... Instiga a esperança de quem vive ao lado de ti

domingo, 28 de outubro de 2012



Em tudo, uma porção de mistério
Na boca, um beijo espera
Na ponta dos lábios algo a se dizer: “vem comigo”
No coração, o duvidoso recomeço após um final
No olhar, o excesso de saudade das felicidades esquecidas
Nas mãos, o risco de viver, de se perder em ti por mim
Sinto muito... Como um abraço ou como um mistério

sábado, 20 de outubro de 2012


Chuva serena e mansa, que alimenta as sementes, que refresca o chão, que angustia o coração dos inquietos. Precipita-se a chuva, que provoca a solidão e o regresso das saudades. A chuva trouxe o silêncio, no porto e na cidade, na rua e pela casa. A chuva descansa na vidraça... com os respingos imagino e faço arte.... Ouço de dentro a chuva lá fora, o cintilar dos pingos, do gotejo... Chuva serena e mansa, de ti só quero um sono e um sossegoo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Menina cuida do céu...  Se chover, não vai namorar... Se solar, cedinho vai despertar...  Abandona sobre si um vestido verde-afável. Arranja sorrisos e lá se vai jeitosa, cabelo solto atrás da orelha a se aquietar... Flui os passos na grama orvalhada... perde as sandálias e lança palavras sem pensar: o sol é o amor a se fazer!! Menina cuida do céu, sabe que vai solar!!! Perfuma-te e vai namorar, descalça, não importa, vai, despretensiosa amar...

sábado, 13 de outubro de 2012



Eu te quero explícita, sem palavras escondidas, até bem cedo... será intenso, santificado, confesso... ! quero o teu ver, a voz, a palavra, o gesto... quero rabiscar os seus pensamentos... desvelar as suas comPaixões... despontar os desejos mais incompletos... furtarei o seu controle e as suas reservas... libertar-te-ei para, enfim, sentir-te perfeita, confessa...!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012



O amor é o sentimento do conflito... Fascina com força, mas se desfalece antes de nos conter por inteiro...  Seu olhar é sutil; um encanto sussurrado que não é canção... Às vezes, o amor é forte e exato, que nos salva do silêncio, que nos leva à revolução... Fazer amor é perder-se em si e germinar no outro... É ser excessivo, sem reservas e roupas, estar desmedido... Far-se-á com amor intenso, será fatal... Correrás o risco de ser paixão, de se esquecer do começo, das histórias e promissões, das razões, das mãos sensatas, bem pegadas a balançar... Enfim, a amor só constrói por que devasta, é o sentimento do conflito, que nos lança para não nos ver parar...